Psicomotricidade: A Base para um Desenvolvimento Saudável e Feliz

Brincar que transforma — psicomotricidade lúdica e baseada na evidência em Lisboa.

O que é a Psicomotricidade?

A psicomotricidade é uma abordagem terapêutica que integra corpo, movimento, mente e emoção. O corpo não é apenas um instrumento motor: é um veículo de comunicação e expressão dos sentimentos, das ideias e das relações.

O corpo conta uma história e todos os acontecimentos de vida são, de alguma forma, guardados no corpo. Através do gesto, do brincar e da ação corporal, a criança organiza internamente as suas competências físicas, cognitivas e afetivas, construindo modos de ser e estar no mundo.

Mais do que treinar competências, a psicomotricidade cria um espaço de relação, onde cada gesto e cada brincadeira se tornam oportunidades para a criança se conhecer, comunicar e crescer.


O que acontece numa consulta de psicomotricidade?

Numa sessão de psicomotricidade, o foco está na experiência da criança e na qualidade da relação que se estabelece com o psicomotricista. As propostas variam conforme as necessidades, sendo a sessão conduzida principalmente pela criança.

Cabe ao psicomotricista validar e integrar as propostas trazidas para a sessão, orientando para os objetivos terapêuticos, de forma a que a relação, a motivação e o interesse sejam os maiores motores de desenvolvimento.

Algumas das ferramentas utilizadas podem ser:

  • Exploração motora – percursos, jogos de bola, saltos, equilíbrios ou corridas que favorecem a coordenação, a força, o ritmo e a noção do corpo no espaço.
  • Brincar simbólico e expressivo – faz-de-conta, dramatizações, jogos de personagens ou expressão artística, que permitem à criança comunicar emoções, elaborar conflitos e dar sentido às suas vivências.
  • Momentos de regulação – atividades de relaxação, respiração ou consciência corporal que ajudam a centrar-se e a desenvolver recursos internos para lidar com desafios emocionais.

Em todas estas dimensões, o essencial é a comunicação pelo corpo: movimentos, olhares, expressões, proximidade ou distanciamento. O psicomotricista lê e responde a estes sinais, construindo um diálogo não verbal que transmite segurança, confiança e disponibilidade.


Quem pode beneficiar?

A psicomotricidade é indicada quando se observam:

  • dificuldades motoras ou atraso no desenvolvimento global;
  • problemas de coordenação, postura, esquema corporal ou noção espacial;
  • desafios de atenção, concentração ou aprendizagem;
  • manifestações emocionais como ansiedade, insegurança, impulsividade ou baixa autoestima;
  • necessidade de apoio no desenvolvimento da autonomia ou da regulação emocional;
  • desafios no estabelecimento e manutenção de relações;
  • dificuldade em adequar o comportamento aos contextos;
  • agitação ou inibição psicomotora.

Mas mesmo sem uma dificuldade identificada, a psicomotricidade pode ser um espaço de enriquecimento, oferecendo à criança oportunidades para se expressar livremente, fortalecer a confiança em si e descobrir novas formas de comunicar através do corpo.

Mais que a sintomatologia ou o diagnóstico que pode apresentar, o trabalho do psicomotricista será sempre o de olhar para aquela criança na sua individualidade e entender de onde partem os seus comportamentos, assumindo as competências que já existem ou que poderão ser desenvolvidas.


O que não faz o psicomotricista?

É igualmente importante esclarecer o que não faz parte da intervenção psicomotora:

  • Não prescreve medicação nem substitui o acompanhamento médico ou psicológico quando necessário.
  • Não faz diagnósticos clínicos: pode identificar sinais de alerta no desenvolvimento, mas a confirmação diagnóstica compete a médicos ou outros profissionais habilitados.
  • Não substitui outras áreas terapêuticas como a fisioterapia, a terapia ocupacional ou a terapia da fala. Embora possa ter pontos de contacto com estas práticas, a psicomotricidade tem um foco próprio: o corpo em movimento e relação, o brincar e a expressão como vias privilegiadas de desenvolvimento.
  • Não é ginástica ou expressão motora: apesar de usar o movimento, a psicomotricidade não tem como objetivo treinar competências físicas per si ou aplicar planos de atividade motora coletiva. Cada sessão é terapêutica e centrada na criança e na relação.
  • Não ensina conteúdos escolares: pode favorecer a atenção, a memória e a organização, mas não substitui o ensino formal.

O psicomotricista atua em articulação com outros profissionais quando necessário, garantindo uma abordagem verdadeiramente integrada.


Conclusão

A psicomotricidade é, acima de tudo, um espaço de encontro. Um espaço onde a criança pode ser ela própria, comunicar através do corpo, brincar livremente e sentir-se compreendida. Onde cada gesto, cada silêncio e cada movimento são reconhecidos como formas legítimas de expressão.

Para as famílias, é também uma oportunidade de compreender melhor o desenvolvimento infantil e de participar num processo que valoriza o ritmo e a singularidade de cada criança. A psicomotricidade apoia não apenas no crescimento das competências, mas sobretudo no fortalecimento da relação consigo própria, com os outros e com o mundo.


Referências

  • Almeida, A. & Simões, M. (2018). Psicomotricidade e Desenvolvimento Infantil. Porto: Porto Editora.
  • Aucouturier, B. (2019). A Prática Psicomotora Educativa e Terapêutica: Fundamentos e Perspetivas. Éditions Érès.
  • Fernandes, M. (2012). Psicomotricidade: Desenvolvimento, Aprendizagem e Inclusão. Lisboa: Lidel.
  • Fonseca, V. (1995). Psicomotricidade. Editorial Notícias.
  • Lapierre, A. & Aucouturier, B. (2004). O Corpo e o Inconsciente na Educação e na Terapia Psicomotora. Éditions Érès.
  • Santos, J. dos (1981). A Criança e a Vida. Lisboa: Livros Horizonte.

Autoria: (Alexandra Simões, Psicomotricista)[https://clinicamatriz.pt/saber-sobre-saude/alexandra-simoes]


Especialistas em Psicomotricidade na Clínica Matriz

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