Entende quando e por que fazer fisioterapia respiratória pediátrica para o teu filho: indicações, contraindicações, quem pode executar e sinais que exigem urgência.
Perguntas e Respostas Sobre a Fisioterapia Respiratória Pediátrica
O que é a Fisioterapia respiratória pediátrica?
A fisioterapia respiratória pediátrica é uma área da fisioterapia que utiliza técnicas específicas para ajudar bebés e crianças a respirar melhor.
Um dos seus principais objetivos é remover o excesso de muco ou secreções dos pulmões, desobstruir as vias aéreas e, assim, facilitar a passagem do ar, de forma a aliviar sintomas como a tosse e a dificuldade em respirar.
O objetivo é promover a qualidade de vida, reduzir o tempo de hospitalização e evitar complicações respiratórias em condições como asma, fibrose quística, bronquiolite e pneumonias.
É conhecida em alguns meios, de forma desadequada, por "cinesioterapia" ou "ginástica respiratória", sendo que o primeiro termo teve origem num erro de tradução do francês Kinesithérapie respiratoire — que significa, na verdade, Fisioterapia respiratória.
Que profissionais podem/devem realizar?
A fisioterapia respiratória deve ser sempre realizada por um@ fisioterapeuta com formação específica e experiência na área pediátrica (formação contínua ou graduada).
O/A fisioterapeuta é um profissional de saúde de primeiro contacto, o que significa que, em muitos países — incluindo Portugal — não é obrigatório ter-se uma prescrição médica para realizar as sessões.
No entanto, é importante que o fisioterapeuta trabalhe em colaboração com o médico da criança, ou de acordo com as indicações médicas, para garantir o melhor plano de tratamento.
Quando é indicada?
A fisioterapia respiratória é principalmente indicada quando existe uma acumulação de secreções (vulgo expetoração) nas vias aéreas que o bebé ou a criança não consegue gerir ou expelir de forma eficaz.
Esta acumulação de muco pode estar associada a várias condições, tais como:
- Infeções respiratórias agudas como a bronquiolite, pneumonias e gripe/constipação;
- Doenças respiratórias crónicas como a fibrose quística, a asma, a discinesia ciliar primária ou doenças neuromusculares;
- Quadros clínicos que causam fraqueza muscular, que possam dificultar a tosse, a expetoração e a respiração autónoma;
- Situações pós-cirúrgicas: nomeadamente cirurgias do tórax ou do abdómen.
As situações que mais frequentemente levam os cuidadores a procurar fisioterapia respiratória pediátrica são, habitualmente, mais simples e relacionadas com infeções respiratórias comuns (como gripe, bronquiolite, pneumonia, bronquite...).
E os resultados são, também habitualmente — após as primeiras sessões/noites — de narizes e vias aéreas mais desobstruídas, mais descanso, conforto e energia.
Quando é que não é indicada?
Há determinadas situações em que podem ser necessárias precauções ou mesmo ser contraindicado realizar fisioterapia respiratória, por exemplo:
- Presença de sinais de alerta que remetam para urgência hospitalar (ver ponto seguinte);
- Presença de febre/sinais de infeção com origem desconhecida;
- Suspeita de patologias que possam agravar com a intervenção (ex.: pneumotórax);
- Tosse/expetoração com sangue sem causa conhecida;
- Fraturas de costelas ou relacionadas.
Algumas destas situações poderão ser despistadas em conversa telefónica, mas outras dependerão da avaliação do profissional, que poderá reencaminhar se assim se justificar.
Quais os sinais de alarme para recorrer às urgências?
É crucial saber identificar os sinais de alarme que indicam que a criança precisa de ser vista nas urgências.
Procure um serviço de urgência se notar que o seu filho ou filha:
- Tem dificuldade em respirar (muito rápida ou, pelo contrário, muito lenta e superficial);
- Faz esforço para respirar, movendo as abas do nariz (adejo nasal) ou utilizando os músculos do pescoço/peito (criando “covinhas” na zona das costelas e pescoço — tiragem esternal/costal);
- Geme ao expirar, ou ruídos altos/agudos ao inspirar;
- A pele e os lábios apresentam coloração azulada ou pálida;
- Suor profuso e generalizado;
- Demonstra grande prostração, sonolência invulgar e apatia;
- Recusa alimentar-se ou não consegue chorar como habitualmente;
- Tem febre alta e persistente, especialmente se associada aos sintomas respiratórios.
É recomendada em caso de bronquiolite?
Depende.
A bronquiolite pode surgir com efeitos diferentes de criança para criança.
É uma infeção viral comum em bebés que causa inflamação e inchaço (edema) das pequenas vias aéreas (bronquíolos), levando ao aumento da produção de muco.
A fisioterapia respiratória é recomendada em casos de bronquiolite quando há acumulação significativa de secreções, pois ajuda a removê-las, facilitando a respiração, diminuindo o esforço respiratório e permitindo melhor alimentação e sono.
No entanto, em fases muito iniciais da doença, e/ou quando o estreitamento da via aérea é causado apenas por inflamação/edema (sem presença valorizável de muco), a fisioterapia poderá não ser útil nem eficaz, e como tal, não ser indicada.
A Fisioterapia Respiratória (pediátrica) dói?
Não.
As técnicas utilizadas são suaves, indolores e adaptadas à idade e ao estado da criança.
O objetivo é mobilizar e descolar o muco das vias aéreas para que este seja removido, quer pela tosse, quer através de outras manobras.
Por vezes, a criança pode chorar durante a sessão — o que é comum e pode até ajudar a expelir o muco, mas não significa dor.
O choro está geralmente mais associado à estranheza de posição ou contacto com pessoa diferente.
O fisioterapeuta deve tranquilizar e adaptar a técnica para que a criança se sinta mais confortável, sendo que poderá ser difícil evitar o choro.
Ainda assim, deve procurar gerir o esforço e o desconforto da criança e dos cuidadores de forma empática.
A que devo estar atent@ durante as sessões?
Durante as sessões, esteja atent@ a:
- Cédula Profissional: confirme que é realmente um fisioterapeuta;
- Comunicação: o profissional deve explicar o que está a fazer e o porquê;
- Conforto da criança: observe as reações. Embora possa haver choro, as técnicas devem ser adaptadas para minimizar o desconforto;
- Higiene: verifique medidas como higienização das mãos, material estéril e utilização de proteção quando necessário;
- Técnicas: são desaconselhadas as que recorrem a “pancadinhas”, vibro-massajadores e aspiração fora de meio hospitalar;
- Progressão: pergunte sobre evolução no final da sessão (se respirou melhor, se expulsou mais muco...);
- Ensino e orientação: o fisioterapeuta deve dar orientações para casa (lavagem nasal, nebulização, posições adequadas para dormir) e sinais de alerta a vigiar.
Conclusão
Se o seu bebé/criança está doente, com expetoração acumulada, desconforto, tosse noturna prolongada, diminuição do apetite e falta de energia, a ajuda do fisioterapeuta poderá ser muito importante.