Lipedema não é obesidade: afeta pernas e braços com dor, inchaço e gordura resistente a dietas. Descobre as causas e tratamentos para controlar o lipedema.
Muitas mulheres convivem todos os dias com a frustração e o desconforto de ver o corpo não corresponder ao esforço que fazem.
As pernas parecem sempre mais volumosas, pesadas e desproporcionais, mesmo depois de dietas e exercício físico.
Essa sensação de injustiça é comum, mas, em muitos casos, não se trata de falta de esforço nem de excesso de peso — trata-se de uma doença real chamada lipedema, que precisa ser reconhecida e tratada como tal.
O que é o lipedema?
O lipedema é uma doença crónica, inflamatória e progressiva que afeta principalmente as mulheres.
Caracteriza-se por um acúmulo anormal e simétrico de gordura nas pernas e/ou braços.
Este tecido adiposo é diferente da gordura “normal”:
- É doloroso ao toque;
- É resistente à dieta e ao exercício;
- Tende a piorar com o tempo.
Embora ainda pouco conhecido, estima-se que o lipedema afete cerca de 10% das mulheres em todo o mundo.
O seu surgimento está frequentemente associado a momentos de alterações hormonais, como a puberdade, gravidez ou menopausa, o que reforça a hipótese de uma origem hormonal e estrogénica.

Causas do lipedema
Apesar de a ciência ainda investigar as causas exatas, acredita-se que o lipedema tenha origem multifatorial, com fatores como:
- Genética: é comum em várias mulheres da mesma família;
- Alterações hormonais: os estrogénios parecem ter papel central;
- Inflamação e alterações vasculares: contribuem para o acúmulo de gordura e retenção de líquidos.
Sintomas mais comuns
O lipedema é frequentemente subdiagnosticado ou confundido com obesidade, linfedema ou retenção de líquidos.
Fique atenta aos seguintes sinais:
- Dor e sensação de peso nas pernas
- Inchaço que piora ao longo do dia (sem afetar pés ou mãos)
- Hematomas frequentes sem trauma
- Volume desproporcional entre tronco e pernas/braços
- Hipersensibilidade ao toque
- Dificuldade em perder gordura localizada, mesmo com dieta e exercício
- Sentimentos de frustração, baixa autoestima ou tristeza associados à aparência corporal
Diagnóstico: quando suspeitar e o que fazer
Se identifica alguns destes sintomas, não ignore. O lipedema tende a progredir se não for tratado.
O primeiro passo é procurar um profissional de saúde com experiência nesta condição.
Até ao momento, não existe um exame específico — o diagnóstico é clínico, baseado na história e na avaliação física, podendo ser complementado com ecografia para descartar outras doenças.
Quanto mais cedo for identificado, mais fácil é controlar a evolução.
Evite o autodiagnóstico — muitas mulheres passam anos a acreditar que têm apenas “pernas gordas” ou “retenção de líquidos”.
Tratamento e cuidados
Não existe cura definitiva, mas há tratamentos eficazes para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
A intervenção deve ser multidisciplinar e contínua, combinando cuidados médicos, fisioterapia e hábitos saudáveis.
Estratégias principais:
- Terapia compressiva – uso de meias de compressão;
- Exercício físico regular – atividades de baixo impacto, como natação, caminhada e bicicleta;
- Alimentação anti-inflamatória – rica em vegetais, pobre em açúcares simples e processados;
- Fisioterapia personalizada – drenagem linfática, exercícios terapêuticos, terapia manual e cuidados específicos com a pele;
- Cirurgia (lipoaspiração específica) – indicada apenas em casos avançados.
Considerações finais
O lipedema não é uma questão estética, mas sim uma doença real com impacto físico e emocional.
Não resulta de falta de disciplina, mas de um desequilíbrio fisiológico que requer acompanhamento especializado.
Reconhecer os sintomas e procurar diagnóstico precoce é essencial para:
- Travar a progressão da doença;
- Reduzir o desconforto;
- Melhorar a autoestima e qualidade de vida.
Se suspeita que possa ter lipedema:
- Não se culpe nem se autodiagnostique;
- Procure um profissional especializado;
- Informe-se — conhecer o seu corpo é o primeiro passo para cuidar dele.